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Coronavirus: mulher deixa bilhete no elevador para ajudar vizinhos idosos

O bilhete que Christiane deixou no elevador do seu prédio - Arquivo pessoal
O bilhete que Christiane deixou no elevador do seu prédio Imagem: Arquivo pessoal

Cristina Almeida

Colaboração para o VivaBem

15/03/2020 16h06

"Essa doença é sobre o outro, não é sobre nós". Foi assim que a gerente de comunicação Christiane Cralcev justificou sua iniciativa de colocar no elevador social do prédio onde mora, em São Paulo, um comunicado disponibilizando-se a ajudar seus vizinhos idosos em caso de necessidade. O texto finaliza com a hashtag #ninguemsoltaamãodeninguém, uma analogia à imperiosa necessidade de que, na hora de uma crise como a da covid-19, o que deve prevalecer é o espírito comunitário, já que dar as mãos, em tempos do coronavírus, é desaconselhado.

Christiane conta que após o decreto de pandemia por parte da OMS (Organização Mundial da Saúde), ela passou a acompanhar de forma mais atenta as informações sobre o avanço do coronavírus na Itália, bem como as medidas que o país estava adotando para conter a enfermidade. "Eu não tinha entendido que havia um público mais vulnerável. Foi aí que percebi que estávamos fazendo algo errado".

Ela se refere ao estresse instalado que fez as pessoas irem ao supermercado para prover a casa de suprimentos como o papel higiênico. "Me dei conta que a maioria não tinha compreendido que a nossa atitude deveria ser mais de proteção para aqueles que precisam de ajuda. Afinal, muitos idosos não têm como se proteger, nem têm ajuda para fazer coisas simples como dirigir, usar o celular ou um aplicativo para pedir comida".

Atitude empática

Christiane, cuja mãe, Alexandra, está em uma casa de repouso, fala que sua iniciativa teve a ver também com o fato de ter um idoso na família. Assim, foi mais fácil ser solidária com o que pode acontecer com outras pessoas. "No meu bairro vejo muitas senhoras indo de lá para cá, de sacola na mão —algo que minha mãe não pode fazer. Mas eu posso! Então, estou disponível", conclui.

Christiane e a mãe, Alexandra - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Christiane e a mãe, Alexandra
Imagem: Arquivo pessoal
No meio de uma crise mundial, Christiane nos dá uma aula de cidadania, e também nos lembra a razão de sermos diferentes das máquinas fazendo uma releitura da sabedoria que vem da Grécia antiga, berço do pai da medicina, Hipócrates: "Toda e qualquer morte humana deveria nos sensibilizar pelo simples fato de fazermos parte da humanidade".

Até o momento da finalização deste texto, Christiane não havia recebido nenhum pedido de ajuda, apenas um bilhetinho, com o seguinte recado: "Olá, querida vizinha. É muito lindo o seu gesto de solidariedade!"

Comportamento de proteção

De fato, as evidências científicas, até o momento, revelam que a covid-19 é muito mais grave entre os idosos, justamente o grupo etário que mais cresceu nos últimos anos no Brasil, segundo dados do IBGE. A taxa de mortalidade, entre eles, chega aos 15%, especialmente para os que já passaram dos 80 anos.

Christiane não havia recebido nenhum pedido de ajuda, apenas um bilhete - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Ela ainda não recebeu nenhum pedido de ajuda, apenas um bilhete
Imagem: Arquivo pessoal
A razão para isso é que uma das consequências naturais do envelhecimento é a menor atividade do sistema de defesa do corpo. Soma-se a isso o fato de que, entre os adultos maduros, é comum a presença de doenças crônicas como o diabetes, problemas cardiovasculares, asma e DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) --que por suas características, já sobrecarregam o sistema respiratório.

Na primeira semana de março de 2020, o presidente do Instituto Superior de Saúde italiano, Silvio Brusaferro, declarou à imprensa que os dados que tinham em mãos, até aquele momento, revelavam que a idade média dos pacientes com desfecho fatal é de 80 anos, e 80% deles tinham mais de 2 doenças; 60% mais de 3. Apenas 2% não tinham enfermidade alguma. Por idade, os casos fatais se distribuíram da seguinte forma: 16% tinham de 60 a 69 anos; 30%, 70 a 79; 42%, de 80 a 89 anos, e 6% mais de 90.

"Os sintomas mais frequentes no início da doença são a associação de febre e dificuldade para respirar. Diante da fragilidade dessa população [dos idosos], é essencial que as pessoas assumam comportamentos de proteção", disse o representante do Ministério da Saúde da Itália.

Veja como você pode proteger-se e também aos outros (inclusive seus vizinhos)

Lavar as mãos:

  • Antes de comer, depois de usar o banheiro;
  • Após assoar o nariz, tossir, espirrar;
  • Depois de ter estado em locais públicos;
  • Após ter tocado superfícies em locais públicos;
  • Após tocar outras pessoas.

Outros cuidados:

  • Evite aglomerações, especialmente em áreas onde se saiba que há maior foco de transmissão;
  • Evite locais com pouca ventilação;
  • Limite a circulação o máximo possível. Caso precise sair para fazer compras, escolha horários de menor pico ou peça ajuda para pessoas conhecidas;
  • Evite o uso de transporte público, especialmente nos horários de pico;
  • Mantenha-se fisicamente ativo, mas prefira exercitar-se em locais arejados, de preferência ao ar livre.

Com informações do UOL VivaBem. Fontes: ECDC Europa/Ministério da Saúde da Itália.