A Abecs, associação que representa o setor de cartões, informou que foram colocadas em operação duas novas modalidades de transação que permitem ao consumidor realizar saques em dinheiro com seu cartão diretamente nas lojas.
O projeto de desenvolvimento e padronização dos dois serviços teve início há um ano, com o objetivo de permitir que clientes de diferentes bancos, bandeiras e credenciadoras tivessem a mesma experiência operacional ao realizar essa transação. Uma das definições foi o limite de valor para cada saque, estipulado inicialmente entre R$ 20 e R$ 200. Por enquanto, a solução estará disponível para cartões de débito e pré-pagos.
A associação nega que seja um movimento em reação ao Saque Pix, iniciativa do Banco Central que permitirá saques em qualquer estabelecimento e deverá entrar em vigor em agosto.
No caso do projeto coordenado pela Abecs, com o “Compra com troco”, na hora de passar no caixa, o usuário pode pedir para acrescentar ao valor da compra a quantia que deseja retirar em dinheiro e passar o cartão uma única vez. Já o “Saque no terminal” funciona como um saque puro, também realizado diretamente nas maquininhas dos estabelecimentos comerciais.
Até o momento, as primeiras transações foram realizadas por um estabelecimento localizado em São Paulo. A ideia é que, ao longo dos próximos meses, cada vez mais locais passem a disponibilizar os serviços aos clientes. A expectativa é de que 12 milhões de estabelecimento possam oferecer esse saque.
“Já existem vários comércios interessados, especialmente supermercados, postos de combustíveis e farmácias, lugares onde tradicionalmente o fluxo de clientes é maior”, afirma Daniel Vilela, diretor de novos negócios da Mastercard, que coordena o projeto na Abecs.
Sobre estimativas de taxas a serem cobradas nessas operações, a Abecs informou que a associação não define essas taxas. Mas ressalta que nessas soluções, o modelo de negócio é diferente da tradicional taxa de desconto, a chamada MDR, cobrada cada vez que o cartão passa na maquininha, de forma que o estabelecimento não paga taxa por essa transação e pode até ser remunerado, a depender da negociação com a credenciadora.
Ainda segundo a associação, os novos serviços buscam facilitar o acesso e a disponibilização do dinheiro, aproveitando a infraestrutura já montada de cartões, que está presente em praticamente todos os municípios brasileiros. Para o consumidor, as soluções representam, na visão do segmento, uma grande economia de tempo e, principalmente, mais segurança, já que ele poderá sacar em diferentes locais, não apenas em agências e nos tradicionais caixas eletrônicos.
Para o estabelecimento, além de aumentar o fluxo de clientes, a vantagem esperada ao oferecer o saque é reduzir o custo operacional com manejo de dinheiro, que inclui transporte e segurança para depositar as cédulas em conta. Em tese, qualquer comércio pode oferecer o saque, mas é preciso que seu terminal esteja habilitado junto à credenciadora.
(Conteúdo publicado originalmente no Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor)