O Enjoei, marketplace de compra e venda de itens usados e novos de moda e decoração, registrou um salto de 23 vezes no prejuízo líquido do primeiro trimestre ante mesmo período do ano passado, para R$ 31,8 milhões.
O resultado reflete a maior aposta da empresa na captação e retenção de usuários, oferecendo mais subsídios e fretes grátis para os usuários. No relatório da administração, a empresa afirma que a campanha de frete grátis iniciada em meados de fevereiro teve papel importante no aumento do número de transações, onde foi possível observar aumento de recorrência em cerca de 20% pela base de usuários ativos.
Em entrevista ao Valor, o presidente executivo do Enjoei, Tiê Lima, diz que ao “olhar para trás” a percepção é de acerto e que já se observa movimentos favoráveis no custo de aquisição de clientes. A base de clientes da plataforma ganhou 225 mil novos vendedores no primeiro trimestre e 202 mil novos compradores, aumentos de 118% e 107% ante mesmo período do ano anterior. respectivamente.
Esse crescimento nos vendedores, diz o executivo, tem caráter sazonal — “no começo de ano as pessoas querem melhorar a renda” —, mas também reproduz os impactos da pandemia da covid-19, que pressionou a renda de grande parte da população.
“A demanda estava um pouco mais reprimida por causa da pandemia. Tivemos que impulsionar a recorrência de compra, então estimulamos com frete grátis manter a liquidez do vendedor. Já prevíamos que conseguiríamos recuperar isso assim que feita a parceria com novos serviços logísticos. Esse reflexo dos custos é temporário.”
Com o aumento de vendedores e compradores cadastrados no site, a receita líquida da Enjoei cresceu 54%, para R$ 24,2 milhões. As vendas brutas totais (GMV) alcançaram R$ 172 milhões, uma alta de 104%, mas o take rate (porcentagem ganha sobre cada transação) caiu de 27% ao fim do primeiro trimestre de 2020 para 24,9% um ano depois.
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Lima admite que houve uma pressão de margem graças ao incremento de subsídios e frete, mas diz que a companhia já observa a margem voltando ao que era. “Não estamos ignorando o potencial de margem.”
O custo do serviço prestado avançou 85%, para R$ 17,4 milhões no primeiro trimestre. Mas Lima afirma que esse aumento de custos agora é mais barato atualmente do que tentar repetir esse movimento no futuro. “Por não termos competição e estarmos ganhando mercado.”
Para seguir no plano de expansão, o Enjoei fez novos parceiros de serviço logístico (Kangu, Jadlog, Sequoia e Uello), pois antes só operava com os Correios. Testes em três grandes cidades de São Paulo mostraram que 80% dos vendedores passaram a entregar com o serviço parceiro, o que permite calcular uma média de 12% em redução de frete. “Isso é margem na veia”, diz Lima.
Além disso, a empresa está buscando ampliar os serviços para os vendedores e os estímulos para entrega mais rápida e eficiente, conta o executivo. Um exemplo são as “bags” do EnjuPro, em que o vendedor pode colocar suas peças, escanear um QR Code e deixar com a empresa a produção dos anúncios e o despache em caso de venda. Atualmente são 25 mil bags sendo distribuídas para os clientes.
Mas a companhia também teve crescimento expressivo na linha de despesas, que cresceram mais de duas vezes, para R$ 11,42 milhões. De acordo com Lima, isso se deve à expansão da equipe. “Passamos de 120 para 200 pessoas. Acreditamos nisso porque é o que acreditamos que vai permitir a melhoria dos produtos e do serviço.”
Conteúdo publicado no Valor PRO, serviço de tempo real do Valor