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Órgão do governo de SP chama mortes em Paraisópolis de "massacre"

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

02/12/2019 12h43

Resumo da notícia

  • Presidente do Condepe avalia que houve excesso e abuso de autoridade no episódio
  • Nove pessoas morreram pisoteadas em tumulto gerado por ação da PM em baile

As mortes de nove pessoas em um baile em Paraisópolis foram um "massacre", segundo o presidente do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), Dimitri Sales. O Condepe faz parte da Secretaria de Justiça e Cidadania do governo de São Paulo.

Segundo a PM (Polícia Militar), uma ação contra dois suspeitos na madrugada de domingo (1º) gerou tumulto durante o baile em uma rua do bairro da zona sul paulistana. Na fuga, eles teriam entrado na festa, ficando entre os frequentadores. A presença da PM, segundo relatos, teria gerado pânico e algumas pessoas ficaram em vielas, onde foram pisoteadas.

Para o presidente do Condepe, a "versão da Polícia Militar não é suficiente para explicar as nove mortes". "As imagens que correram nas redes sociais atestam que há um excesso de violência, de abuso de autoridade."

Ele atribui as mortes à PM, dizendo que sua ação, "deliberada ou não", as ocasionou. "A forma como a operação se deu, impedindo rotas de fuga, promovendo dispersão desordenada, sem que as pessoas pudessem fugir, sem ter espaço para fuga, isso tudo configura o ato de massacre. Não foi um mero acidente como se quer fazer crer", disse Sales ao UOL.

A forma como a polícia agiu resultou nas mortes. Por isso, estamos falando que se trata de um massacre
Dimitri Sales, presidente do Condepe

Os corpos das vítimas foram encaminhados a duas unidades do IML (Instituto Médico Legal). Sales também diz que foi impedido de entrar no IML da Berrini, também na zona sul. "[A entrada barrada] é uma situação delicada porque o Condepe é um conselho do estado e tem, por lei, prerrogativa de fazer esse trabalho."

O presidente do conselho queria acompanhar a atuação dos legistas. Para ele, os exames precisam dizer se o pisoteamento dos corpos foi feito com "coturnos", calçado utilizado por policiais.

Em nota, a Superintendência da Polícia Técnico-Científica disse que "o trabalho pericial seguiu as normas legais" e que "exames complementares estão em elaboração para identificar as causas das mortes". Agora, o Condepe irá solicitar cópias dos laudos periciais.

Já a Secretaria da Justiça e Cidadania disse que o Cravi (Centro de Referência e Apoio à Vítima) oferecerá "atendimento psicológico e assistencial para as famílias das nove vítimas".

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TV Folha