Brent Sikkema: advogado de suspeito diz que cubano confessa assassinato de galerista americano e que crime teve mandante

Um novo depoimento de Alejandro Triana Prevez está previsto para a próxima terça-feira

Por — Rio de Janeiro


O cubano Alejandro Triana Prevez chega na Delegacia de Homicídios vindo de Uberaba, onde foi preso. Fábio Rossi

O advogado do cubano Alejandro Triana Prevez, preso suspeito de assassinar o galerista americano Brent Sikkema, de 75 anos, afirmou ao GLOBO que seu cliente confessou o crime e que, segundo ele, existe um mandante. Greg Andrade disse que esteve com Prevez durante duas horas nesta sexta-feira, no Complexo de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio. Um novo depoimento do cubano está previsto para a próxima terça-feira.

— Estivemos hoje com ele no Complexo de Gericinó e ele vai colaborar com todos os caminhos da investigação. Ele admite o crime e vai além: como já esperávamos, é um crime de mando — afirma Andrade.

Ainda de acordo com o advogado, que esteve na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) nesta sexta-feira, seu cliente deve ser ouvido novamente na próxima semana:

— Não estamos falando num criminoso consumado, mas de um homem que teve uma escolha errada e que está cumprindo o que tem que cumprir — conclui.

Dias que antecederam o crime

Dois dias antes de ser assassinado no Rio, o galerista americano levava uma rotina normal. Na tarde de quinta-feira, saiu de sua casa no Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio, para comprar cortinas e móveis para seu novo endereço no Leblon. Na ocasião, estava acompanhado de um motorista particular, uma amiga e o filho dela. A chave do novo imóvel seria entregue cinco dias depois, na terça-feira. Acostumado a passar datas comemorativas na capital fluminense, ele havia programado a viagem para o Natal para decorar o apartamento recém-adquirido. Os planos, no entanto, foram interrompidos por um crime brutal.

Na mesma data, no caminho de volta para casa, Sikkema realizou uma chamada de vídeo para um rapaz, que não foi identificado. Segundo o motorista particular do americano, na ligação, ele disse que amava a pessoa com quem falava: “I love you” (“eu amo você”, em português), teria dito antes de finalizar a ligação. De acordo com a testemunha, o homem com quem Sikkema falava “se tratava de um jovem, de pele morena”.

A sua amiga e advogada, Simone Nunes, o galerista havia informado que teria um encontro romântico às 19h30 daquele quinta-feira. A ela, Sikkema também contou ter conhecido alguém pouco antes do Natal e disse estar apaixonado. Ele também teria brincado com a amiga: “bem, acho que preciso de um cachorro e não de um namorado”, relatou a advogada à polícia.

Ao Brasil, o galerista havia trazido 40 mil dólares, que seriam destinados a despesas anuais e a compras da mobília. Na sexta-feira, antevéspera do crime, Simone não encontrou com o americano, tendo falado com ele apenas às 22h05, por mensagem. Na conversa, ambos combinaram uma reunião para o dia 15, que seria para uma prestação de contas — já que a advogada administrava os bens do americano quando ele estava fora do país. De acordo com ela, na data combinada, Sikkema também deixaria um cartão de crédito com a amiga para a aquisição de novos itens para seu apartamento.

Sem contato

O último contato entre Sikkema e Nunes foi na sexta-feira. Na data estipulada para o encontro, a advogada resolveu mandar uma mensagem para o americano. No entanto, ao entrar na conversa com o amigo, percebeu que ele não entrava no aplicativo desde às 0h04 de domingo. Como o galerista costumava ficar on-line, ela estranhou.

A primeira mensagem enviada ao americano, segundo relatou Nunes à polícia, foi às 11h30 de segunda-feira. No texto, pedia confirmação para a reunião de ambos, que estava marcada para às 13h. Sikkema não respondeu, nem mesmo visualizou as mensagens. Às 16h46, a advogada tentou novo contato, sem sucesso. Então, resolveu pedir um carro por aplicativo e ir à casa do galerista, chegando lá às 17h10.

18 facadas

Brent Sikkema foi morto com 18 facadas no tórax e rosto. Seu corpo foi encontrado por sua amiga Simone Nunes, na segunda-feira. A vítima estava em sua casa, na Rua Abreu Fialho, no Jardim Botânico. Segundo a advogada, o suspeito — identificado como Alejandro Triana Prevez, que foi preso na madrugada da última quinta-feira — teria levado joias e um valor equivalente a R$ 180 mil, entre dólares e reais.

Vídeos obtidos pela polícia mostram que a casa do americano foi vigiada durante 14 horas. Nas imagens, o cubano aparece chegando ao local por volta das 14h20 daquele sábado. Ele ficou nas proximidades até 3h57 de domingo, data do crime. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) afirma não ter dúvidas de que o crime tenha sido premeditado. Além do monitoramento da vítima, o suspeito teria deixado o ar-condicionado do local do crime ligado para “chamar menos atenção”, segundo o delegado titular da especializada, Alexandre Herdy.

Prisão temporária mantida

O Tribunal de Justiça do Rio manteve a prisão de Prevez. Ele passou pela audiência de custódia neste domingo, e relatou ter sido agredido no momento da sua prisão em Minas Gerais. Em depoimento à juíza Priscilla Macuco Ferreira, ele afirmou ter recebido de “policiais rodoviários e pela Polícia Especializada golpes no braço, no pescoço, no braço”. Segundo a decisão da magistrada, ele informou que não havia testemunhas, falou a característica física dos agressores e agora passará por um exame de corpo de delito.

Alejandro disse que relatou as agressões já à Justiça Mineira, onde passou pela primeira audiência de custódia e fez um exame de corpo de delito. No entanto, o resultado não havia sido anexado no processo do Rio e a juíza determinou que ele fosse novamente avaliado pelo Instituto Médico Legal. A magistrada também ordenou que os autos sejam compartilhados com o Consulado de Cuba e a auditoria militar do Ministério Público.

Em nota, a Polícia Rodoviária Federal, que efetuou a prisão do cubano, nega as agressões. Segundo a PRF, ele foi encaminhado para realização do Exame de Corpo de Delito Oficial em Uberaba, “que atestou a Plena Integridade Física do mesmo”.

“Somente após a emissão do presente Laudo Técnico o detido foi encaminhado para Polícia Judiciária de MG, que efetuou o recebimento da ocorrência juntamente com o resultado do Exame de Corpo de Delito Oficial atestando a Plena Integridade Física do mesmo”, diz a PRF.

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