Cooperativas de Crédito ampliam cobertura e transformam vidas no Paraná durante a pandemia

Cooperativas de Crédito ampliam cobertura e transformam vidas no Paraná durante a pandemia

A inclusão financeira e social configura um cenário de desafio para o Sistema Financeiro Nacional (SFN), principalmente em municípios mais pobres e isolados, com prevalência de população rural. Segundo dados do Banco Central, apesar do impacto da pandemia da Covid-19 na economia e nos negócios locais, as cooperativas de crédito ampliaram a sua rede de cobertura no Paraná em 20,2% e inauguraram 196 postos de atendimento entre março de 2020 e junho de 2022.

A expansão da área de cobertura das cooperativas de crédito incluiu 16 novos municípios atendidos durante o período. Atualmente, são 368 cidades do Paraná que contam com pelo menos uma instituição financeira cooperativa presente, o que representa mais de 92% dos municípios do Estado.

No Paraná, as instituições financeiras cooperativas são a única opção de acesso ao crédito e serviços bancários em 64 municípios, o que abrange uma população estimada de 261.288 pessoas.

Enquanto que as cooperativas de crédito do Paraná registram crescimento nas unidades e municípios atendidos, as agências bancárias seguem o caminho oposto. Durante a pandemia, os bancos fecharam 200 agências em nove municípios do Estado, o que representa uma redução de 14,9%.

Para o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, essa relação ocorre devido ao modelo de atuação do cooperativismo, que busca estar mais próximo das pessoas.

“Está no DNA das nossas cooperativas manter-se próximo do seu cooperado, prestando suporte e entregando o melhor produto ou serviço pelo custo mais adequado. Isso não quer dizer que o cooperativismo de crédito não está se modernizando e criando canais e alternativas digitais para os seus cooperados. O cooperativismo tem na sua essência o componente humano e a proximidade física. Isso ainda faz muita diferença para os nossos cooperados”, explica.

Segundo o chefe do Departamento de Supervisão de Cooperativas e de Instituições Não Bancárias do Banco Central do Brasil (Desuc), Harold Paquete Espínola Filho, as cooperativas de crédito se destacam nos últimos anos ao sustentarem números de crescimento superiores aos do Sistema Financeiro Nacional.

“Isso ocorre em vários indicadores, especialmente os de depósitos e os da carteira de crédito. Não há apenas uma explicação para isso. Mas, todos os catalisadores derivam das características próprias do modelo cooperativista, que, na essência, vêm dos sete princípios”.

Chefe do Desuc, Harold Paquete Espínola Filho / Divulgação Banco Central 

Harold destaca os princípios do cooperativismo e o aprimoramento da gestão e governança das cooperativas de crédito para o crescimento contínuo do setor. “Mesmo já seculares, esses princípios se mantêm modernos e, em muitos casos, se confundem com conceitos utilizados por outros negócios ditos modernos e pujantes, apenas chamados por outros nomes. Também, o contínuo aprimoramento da regulação e da supervisão do Banco Central são fatores que induzem o fortalecimento da governança das cooperativas e a crescente profissionalização do segmento, especialmente ao longo dos últimos anos”, comenta.

Resiliência e oportunidades

Diante desse cenário de crescimento do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo, a pandemia exigiu das instituições financeiras ações emergenciais de suporte às empresas e a população. Dentro desse contexto, o presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, entende que as melhores oportunidades também podem surgir em momentos de dificuldade e que as cooperativas exercem um papel fundamental no desenvolvimento econômico e social das comunidades.

“Em situações de adversidade, como nós vivemos agora na pandemia, também surgem oportunidades. É nesse momento talvez que a gente possa dizer que surgem as melhores oportunidades. Eu vejo a participação e o desenvolvimento das cooperativas de crédito como algo imprescindível para o desenvolvimento regional e até nacional”, afirma Ricken.

Entrevista com o presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken

Investimentos em meio à pandemia

O compromisso com a vida financeira dos associados e com as regiões em que atua fazem com que o Sicredi invista na ampliação da rede de atendimento física. Segundo o presidente da Central Sicredi PR/SP/RJ, Manfred Dasenbrock, a estratégia de expansão e inovação nos canais digitais de atendimento também teve continuidade durante a pandemia.

“Em 2020, no primeiro ano da pandemia, as cooperativas ligadas à Central Sicredi PR/SP/RJ continuaram concentrando esforços na expansão da rede de atendimento, visando o relacionamento e o atendimento das necessidades dos associados. Um movimento positivo a partir de um plano de investimentos que ajuda a construir um ciclo virtuoso que beneficia tanto a cooperativa e seus associados quanto os municípios da área de atuação, com a geração de emprego e renda, além do fomento aos créditos”, afirma Dasenbrock.

Presidente da Central Sicredi PR/SP/RJ, Manfred Alfonso Dasenbrock / Divulgação

O ano de 2020 marcou a inauguração de 40 postos de atendimento nos Estados de atuação da Central Sicredi PR/SP/RJ. Em 2021, foram mais de 70 inaugurações nos três Estados. Somente no Paraná, foram abertos 22 postos de atendimento cooperativo em 2020, 53 em 2021 e oito até o final de maio de 2022, com a previsão de abertura de mais dez até o final deste ano.

A Sicredi Campos Gerais PR/SP inaugurou no dia 25 de maio de 2021 a Agência Sicredi Curitiba Mercês / Divulgação
A Sicredi Norte Sul PR/SP reinaugurou sua agência em Jacarezinho, no dia 31 de maio de 2021 / Divulgação

Com área de atuação no Norte do Paraná e sede no município de Cambará, a Sicredi Paranapanema segue na rota de crescimento, mesmo diante do cenário da pandemia. “Inauguramos agora no dia 10 de junho mais uma agência da Sicredi Paranapanema, a nossa 33ª agência no município de Santa Cecília do Pavão”, comenta o presidente da cooperativa, Cláudio Marcos Orsini.

Agência da Sicredi Paranapanema inaugurada em Santa Cecília do Pavão / Divulgação

O dirigente explica que o avanço em municípios pequenos é uma marca característica da Sicredi Paranapanema. “Em nossa área de atuação, 80% dos nossos municípios são com menos de 10 mil habitantes. Por isso a importância de ter uma cooperativa de crédito na região, de ter uma cooperativa de crédito no município, porque a cooperativa é da região, nasceu na região e se preocupa com os colaboradores, as pessoas e a comunidade local. Tudo que é gerado de riqueza dentro da cooperativa fica na região e isso os associados têm sentido muito, o que contribui para todo esse avanço”, afirma Orsini.

Entrevista com o presidente da Sicredi Paranapanema, Cláudio Marcos Orsini

Sicoob amplia atendimento no Paraná

Outra instituição financeira cooperativa que “apertou o pé no acelerador” e investiu forte durante a pandemia foi o Sicoob. Segundo o diretor-presidente do Sicoob Central Unicoob, Márcio Gonçalves, desde março de 2020 até a primeira quinzena de junho deste ano foram abertos 44 postos de atendimento no Paraná. Para o dirigente, é nos momentos de crise que o cooperativismo de crédito mais cresce e está presente.

“O cooperativismo tem que estar nas pequenas cidades, porque as pequenas cidades não têm uma instituição financeira que possa trabalhar com elas. E para que as pessoas possam ter inclusão financeira, elas têm que ter uma agência financeira presente. A gente tem que dar todas as opções, tanto a opção dela usar o aplicativo quanto se a pessoa quiser ir lá presencialmente”, afirma.

Entrevista com o presidente do Sicoob Central Unicoob, Márcio Gonçalves

Resultado histórico na Cresol

A pandemia não arrefeceu o ritmo de crescimento da Cresol no Paraná. Desde março de 2020 foram 39 postos de atendimento abertos até o momento, o que contribui com o melhor resultado da história registrado em 2020.

“A pandemia não interferiu nos rumos estratégicos da Cresol, ela nos ensinou a sermos resilientes com aquilo que estava planejado. Fizemos tudo o que estava previsto, porém de uma forma diferente. O ano de 2020 foi o melhor ano da história da Cresol, tanto no crescimento de ativos, como na relação de proximidade com nossos cooperados”, destaca o diretor-superintendente da Central Cresol Baser, Adriano Michelon.

Diretor-superintendente da Central Cresol Baser, Adriano Michelon / Divulgação Cresol

Projeção de Expansão no Paraná

Michelon garante que a expansão da Cresol no Paraná não vai parar por aí. “Estamos com projetos de crescimento e abertura de agências em 30 municípios no transcorrer do ano”, afirma.

Na área da Central Sicredi PR/SP/RJ existe a projeção de abertura de cerca de 42 agências em 2022.  Além da agência inaugurada em Santa Cecília do Pavão, município paranaense com pouco mais de 3 mil habitantes, o Sicredi inaugurou em junho a 12ª agência em Curitiba, localizada no Eco Medical Center, novo complexo médico da capital.

“Primamos pelo relacionamento e investimos na ampliação da rede de atendimento em municípios de diferentes portes. Essa capilaridade do Sicredi ajuda a demonstrar a importância da instituição para a inclusão financeira, especialmente nos pequenos municípios. Um estudo conduzido pela PUC-RIO aponta como o cooperativismo promove essa inclusão em localidades com menos habitantes”, complementa o presidente da Central Sicredi PR/SP/RJ, Manfred Dasenbrock.

Quem também projeta expandir a sua área de cobertura em 2022 é o Sicoob Central Unicoob. O planejamento da Central prevê 75 novos postos de atendimento neste ano, distribuídos em 54 municípios (confira aqui a relação completa).

Para o presidente do Sicoob Central Unicoob, Márcio Gonçalves, existem dois desafios que precisam ser superados dentro do processo de expansão da cooperativa. “Um desafio é o plano de atendimento em cidades que estão desprovidas de instituição financeira, que são cidades pequenas, com 20 mil habitantes, 15 mil habitantes, a cooperativa tem que se sustentar para isso, isso é um desafio. E o segundo desafio são as grandes capitais”, explica.

Geração de empregos, renda e desenvolvimento

Com a expansão do Sistema de Crédito Cooperativo no Paraná , os empregos diretos gerados pelas instituições financeiras cooperativas cresceram. De acordo com o levantamento do Sistema Ocepar, as cooperativas do ramo registradas na entidade apresentaram um crescimento de 98,25% na expansão de postos de trabalho entre 2016 e 2021, que resultou em 8.534 novos empregos gerados. No acumulado de 2021, as cooperativas de crédito registraram 17.220 empregos com carteira assinada, o que representa 13,29% dos postos de trabalho das cooperativas paranaenses registradas junto ao Sistema Ocepar no exercício de 2021.

Das 20 cooperativas filiadas à Central Cresol Baser, que tem sua sede nacional no município de Francisco Beltrão (PR), 14 estão localizadas no Paraná. Estas cooperativas contam com 169 postos de atendimento distribuídos em 163 municípios no Estado. Por conta do crescimento e da expansão da cooperativa, o Sistema Cresol deve gerar mais de 100 empregos diretos no Paraná ainda este ano. “O processo de crescimento vai exigir a contratação de pessoas. É natural nas cooperativas valorizar a tecnologia, mas sem perder a relação humana“, afirma o diretor-superintendente da Central Cresol Baser, Adriano Michelon.

A ampliação da estrutura de atendimento do Sicredi durante a pandemia gerou a necessidade de ampliação dos postos de trabalho na cooperativa. Em 2020, primeiro ano da pandemia, as cooperativas filiadas à Central Sicredi PR/SP/RJ e com atuação nos Estados do Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro foram responsáveis por um aumento de 11,20% em seu quadro de lotação. No ano de 2021, o aumento chegou a 6%, totalizando 11.075 colaboradores nos três Estados, um incremento de 1.082 novos empregos diretos em relação ao ano anterior.

O impacto da pandemia na economia local não afetou a geração de novos empregos diretos na Sicredi Centro Sul PR/SC/RJ. “Com o passar do tempo, se a gente for olhar dentro desse período mais forte da pandemia, nós crescemos em termos de contratações de funcionários, nós aumentamos em torno de 20% o nosso quadro de funcionários. Nós não só não demitimos ninguém, como nós contratamos mais pessoas”, ressalta o presidente da Sicredi Centro Sul PR/SC/RJ, Santo Cappellari.

Entrevista com o presidente da Sicredi Centro Sul PR/SC/RJ, Santo Cappellari

Outra cooperativa de crédito que registrou incremento do número de empregos diretos durante a pandemia foi a Sicredi Parque das Araucárias PR/SC/SP, que atua nos Estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo. De acordo com o diretor de operações da cooperativa, Alcimar Gerhard, foram 35 postos de trabalho abertos em 2020 e mais de 40 empregos efetivos em 2021. Além disso, Gerhard explica que a cooperativa se preocupou muito com a saúde e o bem-estar dos colaboradores diante da instabilidade causada pelo novo coronavírus.

“Nós não trabalhamos com redução do quadro, pelo contrário. E ciente do cenário de preocupação e instabilidade causado pela pandemia, tratamos de manter todos os benefícios de nossos colaboradores. E mais do que isso, como tínhamos muitos colaboradores trabalhando em home office, a cooperativa se preocupou em manter contato com eles. Realizamos lives semanais com profissionais de diversas áreas, mais voltados à saúde, tanto física quanto mental. Trouxemos motivador, palestrante de humor, enfim, trabalhamos muito a questão do bem-estar do colaborador”, ressalta Gerhard.

A oportunidade para novos colaboradores também chegou na Sicredi Paranapanema, que contratou 100 novos funcionários em 2021. E a perspectiva para o futuro é positiva. “Para a gente chegar no que queremos em 2025, acreditamos que vamos ter no mínimo 450 colaboradores, podendo chegar a 500. Hoje chegamos a 375 colaboradores. A gente acreditava que 450 colaboradores seria suficiente para ter a cooperativa que está planejada para 2025, mas se me perguntar hoje acredito que isso vai ter que ser revisto. Acredito que vamos ter que chegar a 500 colaboradores, porque a chegada de novos associados também está além do esperado, logo vamos precisar de mais pessoas para atender mais pessoas”, contextualiza o presidente da Sicredi Paranapanema, Cláudio Marcos Orsini.

Segundo o presidente da Central Sicredi PR/SP/RJ, Manfred Dasenbrock, o Sicredi seguirá atuando como instrumento de desenvolvimento econômico e social das pessoas e das comunidades no Paraná, agregando novos colaboradores. “Com a expansão e a abertura de novas agências em diversos municípios de todas as regiões do Paraná, há expectativa de acréscimo de mão de obra também em 2022. O volume de vagas é definido por cada cooperativa a partir das demandas locais para o melhor atendimento ao associado, uma vez que o Sicredi possui presença nacional com atuação regional, valorizando o perfil e as necessidades de cada localidade”, complementa.

No Sicoob o cenário não é diferente. Segundo dados do Sicoob Central Unicoob, foram gerados 386 empregos diretos durante a pandemia, o que representa um aumento de 12,4%. O Sicoob conta atualmente com 3.493 colaboradores no Paraná. E a projeção para este ano prevê a contratação de novos funcionários.

“Estimamos criar 225 novos postos de trabalho até o final do presente ano”, afirma o presidente do Sicoob Central Unicoob, Márcio Gonçalves.

Inclusão financeira e social

A localidade de Barra Bonita, interior do município de Prudentópolis (PR), abriga histórias de mulheres do campo empreendedoras, que tiveram as suas vidas transformadas através do projeto Mulheres em Ação, desenvolvido pela Sicredi Centro Sul PR/SC/RJ.

A iniciativa que teve início em 2016 e contava com 20 mulheres hoje já reúne mais de 200 participantes. E o princípio dessa história começou em uma reunião de mães na Escola do Campo da Barra Bonita, quando a diretora Deocelia Michalichen convidou a assessora da área do Desenvolvimento do Cooperativismo na Sicredi Centro Sul PR/SC/RJ, Maria Gisele Pontarollo, para participar.

“Ao ouvir as suas falas e necessidades percebi que poderia agir e contribuir na vida daquelas mulheres, fazer com que elas pudessem se aperfeiçoar, buscar novos conhecimentos e se empoderar, criando novas alternativas de renda para as suas famílias. E que mãe que não sonha com isso? Ver os negócios da família prosperando, gerando qualidade de vida e isso sendo passado de geração em geração. Assim nasceu o projeto Mulheres em Ação”, explica Maria.

Nesses seis anos do projeto, a cooperativa de crédito promoveu parcerias com empresas e pessoas que proporcionaram palestras voltadas para o crescimento pessoal, assim também como diversos cursos profissionalizantes, como jardinagem, panificação, culinária, artesanato, turismo e qualificação da família no campo.

“Hoje temos empreendedoras no campo, seja na gastronomia, na panificação, na venda de hortaliças e até na criação de um orquidário. Dentre as participantes, 42 já se tornaram associadas do Sicredi e contam também com uma consultoria financeira e soluções que impulsionaram ainda mais as suas vendas, além de uma linha especial de crédito desenvolvida especialmente para elas, as mulheres que sonham crescer e agora veem novas oportunidades no campo”, destaca a assessora da área do Desenvolvimento do Cooperativismo na Sicredi Centro Sul PR/SC/RJ.

Maria Gisele visita orquidário de associada da cooperativa / Divulgação

Para a diretora da Escola do Campo da Barra Bonita, Deocelia Michalichen, o projeto representa um marco na vida dessas mulheres.

“Antes do projeto ouvíamos muitas histórias, a falta de oportunidade de aprendizado, a escassez de renda e até depressão, e hoje essas histórias são outras. O projeto as resgatou como mulheres, as aproximou umas das outras e depois de tantas reuniões e oficinas, hoje temos várias mulheres empreendendo no campo, gerando a sua própria renda e até mudando a vivência da família. Há também aquelas mães que voltaram a estudar, aprenderam a ler, a escrever, isso é maravilhoso, é gratificante e não tem dinheiro que pague”, relata Deocelia.

Um hobby que virou negócio

O orquidário da dona Célia Soltano Caciano, localizado em Barra Bonita, próximo do Monumento Salto São João, interior de Prudentópolis (PR), virou referência na rota turística da região. E hoje em dia, mais do que nunca, Célia sabe o quanto o Sicredi Centro Sul PR/SC/RJ foi importante para tornar o seu negócio mais preparado para atender os clientes que chegam até a sua loja.

“O Sicredi me ajudou muito. Quando eu conheci o Sicredi eu já tinha meu pequeno orquidário, aqueles orquidários que a maioria das mulheres têm de fundo de quintal, só para hobby. Foi quando apareceu o Sicredi ali na escola, com o projeto Mulheres em Ação. Comecei a trabalhar com eles, abri conta na cooperativa, divulgaram para mim, peguei a maquininha deles. É o único banco por aí que eu conheço que ajuda o povo, que vem aqui na escola, vê o que as pessoas precisam, dão cursos, oficinas, é muito legal trabalhar com eles”, destaca Célia.

Empreendimento da Dona Célia cresceu com o apoio da Sicredi Centro Sul PR/SC/RJ / Divulgação

A empreendedora do campo conta que no início não foi nada fácil e que a colocação das plantas suculentas e dos cactos ajudou bastante a aumentar as vendas. “Sou do interior, hoje em dia é fácil encontrar uma mulher com potencial, tendo o seu dinheiro, mas no começo pra mim não foi fácil, não tenho estudo nenhum, tirei o quarto ano só e o restante tive que conseguir com o suor do meu trabalho”.

A máquina de cartões e todo suporte oferecido pelo Sicredi mudaram a rotina de negócios e resolveram um grande problema para Célia. “O meu ponto é muito movido com o turismo, porque eu sou vizinha do Monumento Salto São João. Chegam muitos turistas aqui, por isso fez muito bem a maquininha pra mim, porque vinha gente e turista não anda com dinheiro no bolso. Eles vinham, olhavam e perguntavam, você tem maquininha? Passa cartão? Eu dizia que não e pedia o dinheiro. Agora não, tenho a maquininha, já tenho PIX aqui que fazem, então facilitou muito a minha vida”, comenta.

Maria Gisele registra visita no orquidário de Dona Célia / Divulgação

Sonho que virou realidade

E Linha Bonita, interior de Prudentópolis (PR), abriga outra história de transformação de vida através do projeto Mulheres em Ação. Um sonho, ou melhor, sonhos que se tornaram realidade. Foi assim que teve início a trajetória de negócios de Terezinha Elenir Bondar Dudycz, mais conhecida como Ginha, empreendedora no ramo de produção de alimentos.

“Começou através de uma brincadeira, com os cursos que o Sicredi foi trazendo para a escola. Eu fui fazendo as aulas, até que chegou um dia em que a diretora da escola aonde a gente mora falou para mim fazer uns sonhos, uma massa doce recheada com creme ou goiabada, para mostrar para o pessoal e servir no lanche da tarde. Naquele momento eu pensei, eu vou fazer para vender essa massa. Segui praticando, na sequência fiz cursos de bolachas, sempre com apoio do Sicredi. O Diego e a Maria Gisele do Sicredi me ajudaram muito, no começo eu não tinha nem WhatsApp. Eu tive que instalar internet e o lugar onde moro é de difícil acesso para conectar o sinal, é num sítio, fica no interior, mas com a ajuda da cooperativa consegui montar essa estrutura de trabalho”, conta orgulhosa Terezinha.

A dedicação e persistência foram necessárias, sobretudo no começo, quando as pessoas ainda não conheciam os seus produtos. Terezinha afirma que recebeu muitos nãos e que várias pessoas disseram que o seu negócio não iria dar certo. Com a experiência de quem viveu isso na prática, a empreendedora do campo aconselha as mulheres a não desistirem dos seus sonhos. “Nem sempre quando você bate palmas na primeira vez em frente a um portão você será bem recebida. Você vai receber bastante não, mas não é no primeiro não que você pode desistir, tem que seguir acreditando no seu sonho. Eu mesmo levei muitos nãos, mas sempre acreditei que daria certo. Hoje, eu trabalho em casa, como eu quero e isso é maravilhoso”.

Terezinha exibe com orgulho o resultado do seu trabalho / Divulgação

Confeiteira de mão cheia

Nas capacitações que realizou com o apoio do Sicredi Centro Sul PR/SC/RJ, Terezinha fez curso de panificação e de bolachas, mas sempre demonstrou vontade em aprender e se especializar cada vez mais. Quando perguntaram para as mulheres do projeto qual curso gostariam de fazer, Terezinha não teve dúvida e tomou a iniciativa para pedir: “Eu já tenho curso de panificação, tenho curso de bolachas, agora eu gostaria muito de um curso de confeitar bolos”, recorda ao lembrar desse dia.

Com o passar do tempo, foi conquistando a confiança da vizinhança. Terezinha relembra que na primeira venda, quando carregou o carro do seu pai para fazer as entregas, sempre que ele chegava em algum lugar todo mundo comprava e elogiava a qualidade dos produtos. “Eu não tenho carteira de motorista, então o meu pai me ajuda com as entregas. E sempre que ele chegava nas propriedades, as pessoas falavam para ele, nossa que produtos gostosos, diferentes, aonde a sua filha aprendeu a fazer isso, quem ensinou ela? Foi nesse momento que eu pensei, é agora, eu vou começar a trabalhar, vou me dedicar nisso, porque na roça é muito sofrido”.

Terezinha (d) ao lado da sua mãe (e) apresenta alguns dos produtos produzidos / Divulgação

E a relação próxima com os pais sempre esteve presente em sua vida. Quando seu filho era pequeno, Terezinha conta que precisava deixá-lo com a sua mãe e o seu pai para poder ajudar o marido na roça. “Eu trabalhava na roça, eu sofria, não era fácil, tenho um filho, hoje ele está com 11 anos. Eu deixava com o meu pai e a minha mãe para poder ajudar o meu marido na roça. A gente saia de manhã e voltava só à noite, às vezes eu deixava o meu filho dormindo, voltava do serviço e ele já estava dormindo por conta do horário. Eu perdi a infância com ele, eu não vi o meu filho começar a dar os primeiros passinhos”, afirma.

“Agora eu me sinto realizada, sou uma outra pessoa, não trabalho mais na roça, graças a Deus eu trabalho agora só em casa. Hoje, o meu filho já me ajuda no trabalho. Então, eu posso dizer que sou uma mãe e mulher realizada”.

O empreendimento de Terezinha se tornou uma nova fonte de renda para a família, agregou qualidade de vida e uniu gerações, vó, mãe e filho, que trabalham juntos para prosperar o negócio.

Ginha diz que graças ao trabalho e a vocação descobertos através dos cursos e de todo suporte oferecido pelo Sicredi, hoje tem condições de ser protagonista na casa.

“Vendo super bem, eu tenho a minha renda, faço a compra de casa, abasteço o carro, se o carro estraga eu pago o conserto, nada eu pego da parte que o meu marido trabalha na roça. Eu mantenho a casa, compro o que eu quero, saio a hora que eu quero, se eu gostar de alguma coisa eu compro para dentro de casa, ajudo, sou uma pessoa bem-sucedida”.

Texto: Leonardo Custodio Machado / Registro Profissional 15.934

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